Parkour[retroceder]

Neste artigo iremos explicar o que é o parkour, quais as suas origens e quem foram os seus fundadores. Também iremos explicar as diferenças entre treino para parkour e a prática em si do parkour.

 


Autor: zeric

Publicado: Maio 2008

Iremos também explicar o que não é o parkour e esclarecer todas as dúvidas que possam existir acerca desta prática.

 

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Parkour by David Belle


COMO APARECEU O PARKOUR

O aparecimento do parkour como é hoje conhecido e praticado deve-se sobretudo a 3 pessoas:

 

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Georges Hebert
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Raymond Belle
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David Belle


Georges Hebert pelo desenvolvimento do seu método natural de treino, pedra fundamental na evolução do parkour.

Raymond Belle pelos ensinamentos que passou aos filhos acerca do parcours du combatant (em português, percurso dos combatentes que teve as suas origens no método natural de treino) e o quão útil lhe fora ao longo da sua vida.

David Belle pela adaptação do percurso dos combatente ao meio que o rodeava e que ele apelidou simplesmente de parkour.

 

 

Para um maior detalhe sobre o contributo de cada indivíduo para o aparecimento do parkour, pede-se ao leitor que leia o artigo titulado com o nome da pessoa em questão.



A palavra parkour tem origem na palavra francesa parcour que em português se traduz como percurso, sendo que a substituição da letra "c" por um "k" é meramente estilista.

A adopção de um nome para esta prática, bem como de nomes para os movimentos que compõem toda a sua base, foi fundamental na evolução do parkour pois possibilitou a livre comunicação acerca deste em meios como o da internet.



O QUE É O PARKOUR?

É uma maneira rápida, útil, e eficaz de nos deslocarmos em qualquer ambiente seja ele urbano ou natureza pelos nossos próprios meios.

O parkour tem a capacidade de nos desenvolver física e psicologicamente para que possamos ser útil a nós e aos outros.

"Qualquer pessoa , seja ela quem for, se quiser realmente viver a sua vida ao máximo das suas habilidades, tem perante si alguns deveres físicos a cumprir, apenas porque tem, em um outro ponto da vista, alguns deveres morais para executar e algumas obrigações sociais a respeitar. Estes deveres constituem a moralidade física. Para se desenvolver a si próprio e para se preservar a si próprio".

Este é um excerto do trabalho de Hebert que ajuda a perceber o que se pretende transmitir.
Para nós é aqui onde tudo começa, não pela indicação de Hebert, mas pela lei universal que diz que cada criatura viva depende de si, do seu nascimento até à sua morte: para se desenvolver a si próprio e para se preservar a si próprio.

Como podem todos os seres vivos, desenvolverem-se e preservarem-se a si próprios? Eles usam as suas capacidades naturais e utilitárias específicas.

O que são capacidades físicas naturais e utilitárias?
São capacidades físicas de uma dada espécie que é desenvolvida instintivamente desde tenra idade para assegurar que esse indivíduo possa alcançar a autonomia rapidamente, esta autonomia é a sua habilidade para se preservar a si próprio e aos seus ou como parte de um grupo.

Os animais preservam-se mantendo a sua saúde, e evitando todos as formas de perigo, incluindo acidentes e predadores.
Para se desenvolver e preservar, os peixes nadam para apanhar alimento e escapar de perigos.
Para se desenvolver e preservar, os pássaros andam e voam para apanhar alimento ou escapar de perigos.
Para se desenvolver e preservar, as rãs pulam e nadam para apanhar alimento e escapar do perigo.
Para se desenvolver e preservar, os leopardos andam, correm, saltam, escalam, equilibram-se e nadam para apanhar alimento ou escapar de perigos.
Todos eles têm também de se defender o melhor possível num certo ponto.

Para se desenvolverem e preservarem, os seres humanos andam, correm, saltam, equilibram-se, andam em todos os quatro membros (movimento quadrúpede), escalam, levantam, atiram, nadam e defendem-se.
O ser humano foi criado para ser um caçador, um perseguidor. Hoje em dia apenas uma minoria de nós vive ainda esta maneira de vida primitiva.
Isto são condições de vida naturais em ambientes inteiramente naturais.

O que acontece hoje em dia no mundo civilizado e nas sociedades modernas de seres humanos sedentários?
Nós obviamente não necessitamos caçar para obter os alimentos. Temos tudo à mão.

E por essa razão deixamos de ter essa necessidade e instinto para desenvolver essas capacidades naturais. Nós não desenvolvemos inteiramente as nossas capacidades naturais e úteis durante a infância devido ao facto de estarmos mais restringidos a explorar e termos uma menor espontaneidade, tornando as nossas capacidades muito baixas em comparação com o potencial da nossa própria natureza.

Tudo isto é uma consequência directa de negligenciarmos a nossa própria natureza como animais humanos que somos e de todos os padrões sociais em que vivemos.

Assim nós não necessitamos mais de caçar para nos preservarmos. E então sobre evitar perigos?
Perigo enfrentamos todos os dias nas ruas e vemos na televisão que é sem duvida uma preocupação independentemente de onde vivemos ou do nosso estilo de vida.

O ambiente moderno tem aspectos muito mais seguros do que o natural. Mas é por outros lados muito mais perigoso, e ambos, natural e urbano fazem combinados uma grande variedade de perigos:

Policia, bombeiros, médicos assim como outras forças militares foram criadas e treinadas para resgatar e salvar outros, para preservar a nossa vida quando nós não o conseguimos fazer por nós mesmos, ou com grande dificuldade. Ainda assim estas forças não conseguem estar presente em qualquer altura ou em qualquer lugar a toda a hora.
Deste modo, qualquer um de nós pode ter que enfrentar ou escapar em qualquer altura desses perigos por si mesmo.

Apesar de não ser nenhuma garantia, um indivíduo melhor desenvolvido tanto física como moralmente está em circunstâncias muito melhores para se preservar reagindo fortemente à situação.
É uma consideração muito óbvia e lógica que pode ser questionada.

Algumas pessoas não pensam que a possibilidade de enfrentar o perigo pode acontecer em qualquer altura, em qualquer lugar e a qualquer um. Alguns sabem mas preferem acreditar que não lhes acontecerá a eles. Outros esperam que os profissionais os salvem quando alguma situação dá para o torto.

Por último existe uma categoria de pessoas que pensam que devem se preparar para a eventualidade de confrontar algumas destas situações de risco por si próprio, caso não exista auxílio. Isto não significa que eles queiram que estas situações aconteçam. Não significa que eles estejam convencidos totalmente que a sua preparação será suficiente para sobreviver ou permanecer seguros (não se trata de ser um super-herói).

O que se passa aqui é que necessitamos ainda de um desenvolvimento suficiente das nossas capacidades naturais, incluindo qualidades mentais de acção, para estarmos numa melhor condição para nos preservamos a nós mesmos, independentemente do uso de equipamento ou de qualquer outro auxílio humano.

Já vimos que o desenvolvimento gradual e espontâneo se inicia numa idade nova.

Para alcançar as nossas capacidades naturais para um desenvolvimento físico útil, nós temos que restabelecer o nosso instinto perdido por algo mais, que encaixe naquilo que nos tornarmos: uma finalidade e um método.

O David Belle nunca esteve preocupado realmente em definir a sua prática, ele estava totalmente focalizado na prática, na satisfação e no progresso pessoal que poderia fazer. Ele era, e ainda hoje é um explorador da vida em vários sentidos. Ele vive a sua própria vida à sua própria maneira, como estando no seu próprio mundo.

A confusão para algumas pessoas que existe acerca da disciplina que criou, é não somente devido a sua falta de interesse sobre o problema, ou à falta de fornecer uma finalidade e um método de treino claramente definidos.

A confusão é principalmente devido a todas as pessoas que pelo mundo tentam definir a disciplina com as suas próprias percepções e compreensão.
Esta confusão é ainda hoje a fonte de argumentos numerosos entre membros das comunidades de traceurs por todo o mundo.

A não esquecer o aspecto útil, que é o aspecto funcional, e que é recorrente nas palavras do David quando entrevistado sobre o parkour. O parkour é certamente uma linhagem natural que vem directamente do concepção do Método Natural, junto com a tradição de bombeiros da família de David Belle que é toda sobre salvar vidas, toda sobre preservar a vida.

Preservação...é disto que se trata quando falamos de uma capacidade útil.
Preservar uma vida. Ajudar a preservar outros membros da nossa própria espécie.

Isto requer um treino. Esse treino é o parkour. Não é certamente o único tipo de treino pretendido para ajudar a preservar a vida humana pois o parkour é um conjunto de disciplinas e não uma única.

O parkour é um dos tipos de treino mais eficiente, porque é inteiramente funcional e na maioria das vezes extremamente perto das situações da realidade.

Para além da verdadeira concepção de parkour, há a necessidade de algumas pessoas de criar explicações sofisticadas e filosofias elaboradas à sua própria maneira. É uma parte daquilo a que se pode chamar o vosso parkour. Mas isso será sempre o "parkour folclore" e é apenas sinal que seguem o vosso próprio caminho e que são únicos, mas não será o parkour original.

Único é a palavra correcta, é o que faz pessoas como o David Belle, como o Bruce Lee etc. especiais. São genuínos, não copiaram ninguém, criaram-se a eles próprios e nós devemos fazer o mesmo.



O QUE NÃO É O PARKOUR?

Pelo texto acima torna-se óbvio que todo o movimento do corpo pertence ao treino para parkour. No entanto praticar parkour e treinar para parkour são 2 coisas completamente distintas. Estás confuso? Então continua a ler:

Praticar parkour significa literalmente praticar percursos, ou seja, ir dum ponto ao outro da maneira mais rápida e fluida possível.

Treinar para parkour significa praticar todo o desporto possível e imaginário ao qual consigas deitar mão. Futebol, andebol, basquete, maratona, ginástica, dança, etc. No entanto, apenas porque estás a fazer treino que te é útil para parkour, não significa que estejas na realidade a praticar parkour.

O caso mais típico é o das acrobacias. Quando vês alguém na rua a praticar acrobacias ao mesmo tempo que salta por cima de alguns muros, essa pessoa não está a praticar parkour, mas pode estar a fazer um treino que lhe será útil para o parkour. As acrobacias são um dos treinos que melhor prepara o corpo e a mente para a prática do parkour, mesmo sendo movimentos completamente distintos. Não só o nosso corpo sofre um grande impacto e mudança quando se começam a treinar acrobacias como também a nossa mente se altera, ajudando o praticante a conseguir ultrapassar melhor novas dificuldades. No entanto, como já foi explicado, o parkour é "apenas" ir dum ponto ao outro o mais rápido possível, como um bombeiro que vai salvar alguém.



COMO APARECEU O PARKOUR EM PORTUGAL
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parkour.pt logo


Em Outubro de 2004 começara a nascer um novo movimento na internet - o parkour.

Portugal não foi excepção e, já sem os limites fronteiriços que a internet nos habituou, foi cedo que alguns Portugueses começaram a trocar informações de como poderiam começar a treinar esta actividade.

Após algum debate "cibernético" 5 pessoas juntar-se-iam para escrever na história portuguesa do parkour o que ficará conhecido como a I Jam Nacional de Parkour que contou com a presença de 5 traceurs, banzai, chipi, icarus, lusoking e zeric que se encontraram na expo pela primeira vez em Janeiro de 2005. Foi imediata a noção de que era necessário um ponto de encontro virtual para que os poucos traceurs Portugueses pudessem comunicar, aqui, aparece o traceur keoshi que, em tempo recorde lança o primeiro site de parkour Português, na altura o http://www.parkourpt.com que se estreou na internet ainda em Janeiro de 2005.

O resto é história, o parkour cada vez é mais conhecido e, com um ponto de encontro nacional torna-se cada vez mais fácil a comunicação entre traceurs da mesma língua. Aos encontros virtuais seguiram-se encontros físicos aos fins-de-semana que aconteciam normalmente na expo mas que também se começaram a expandir por Lisboa. Foram muitas as pessoas que começaram a sua prática apenas porque viam um pequeno grupo de pessoas a praticar algo de diferente e que não tinham receio de se aproximar e perguntar o que era aquela estranha, mas útil, forma de deslocação.

Daqui foi ver o parkour em Portugal evoluir naquilo que se traduz agora como uma prática cujos números se tornaram exponenciais desde aquele primeiro encontro em Janeiro de 2005. Sendo que o parkour é agora praticado por todo o Portugal e que muito têm ajudado as workshops e demonstrações que os traceurs têm feito pelo Pais fora.


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